sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Os livros de 2009 e...

Desde o início do ano venho tendo a impressão de que fui posta num espaço paralelo, onde o tempo corre em escala diferente, muito mais acelerada. A despeito disso (ou por causa, disso!), tudo para mim vem se arrastando lenta e confusamente. Foi dentro dessas circunstâncias que consegui ler os livros acima. É bem menos do que eu havia programado em minhas resoluções de ano novo. Mas, de um jeito estranho, é um número satisfatório, se considero as dificuldades que têm se interposto entre os livros e eu. Os nomes são os seguintes:

1 - Quando Nietzsche Chorou - Irvin D. Yalom
2 - A Cura de Schopenhauer - Irvin D. Yalom
3 - Banquete Com os Deuses - Luís Fernando Veríssimo
4 - A Vida é Bárbara - Luís Fernando Veríssimo
5 - A Montanha Mágica - Thomas Mann
6 - Não Caia da Montanha (autobiografia) - Shirley MacLaine
7 - O Relatório de Brodie - Jorge Luís Borges
8 - Pergunte ao Pó - John Fante
9 - Dom Casmurro (releitura) - Machado de Assis
10- O Pai - Dirce de Assis Cavalcanti
11 - O Amor é um Cão dos Diabos - Charles Bukowski
12 - Memórias da Casa dos Mortos (releitura) - F. M. Dostoiévski
13 - Um Gosto e Seis Vinténs - William Somerset Maugham
14 - Mandrake, a Bíblia e a bengala - Rubem Fonseca

O 'A Montanha Mágica', de Thomas Mann, ainda estou a ler. Mas, nas fotos faltam uns cinco ou seis livros que foram emprestados, ou se tornaram invisíveis, na desordem reinante em minhas estantes. Entre os que faltam, figuram o 'Uma breve história do tempo', de Stephen Hawking; o 'Contos e Poemas Para Crianças Extremamente Inteligentes (de todas as idades)', de Harold Bloom; e o 'Viagens na Minha Terra' , de Almeida Garrett, que são os que me vêm à memória no momento.
Os livros que me deixaram um tantinho reticente, ao fim da leitura, foram os dois de Irvin D. Yalom: 'Quando Nietzsche Chorou' e 'A cura de Schopenhauer'. Ambos têm estórias envolventes e são algo instrutivos, no que se refere às vidas dos filósofos apresentados (e também quanto aos processos psicanalíticos, pois o autor é psiquiatra). Contudo, a meu ver, Yalom simplifica demais as personalidades abordadas; as transforma em outras pessoas, de certo modo. Duas criaturas complexas como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche (ambos unidos e desunidos por suas idéias), são elevados à categoria de divinos, de donos de sabedorias sobre-humanas.
Eu sempre fico de pé atrás, com relação às idéias de Nietzsche. Acho que ele mistura conceitos revolucionários com princípios que, se postos em prática, inviabilizariam a vida, uma vez que a liberdade irrestrita não é possível neste mundo (sobretudo quando a liberdade de que se fala é a da entrega aos prazeres!).
Outra contradição de Nietzsche (entre inúmeras outras) é que ele nega, por assim dizer, a parte espiritual da vida, quando esta se relaciona com alguma coisa superior, algo ligado ao sacrifício e à renúncia; mas não o faz quando se trata dos prazeres. A prova disso é que cultuava o deus pagão Dionísio, a quem veio a "incoporar", no fim da vida, quando se apresentava como o próprio!
Para mim, o problema com as premissas de Nietzsche é que ele parece ter chegado a elas, desconsiderando as implicações das mesmas. Em Nietzsche tudo é contudente e radical, mas se a gente o lê com o cuidado suficiente, percebe a vacuidade, quanto ao que seriam os desdobramentos resultantes dos postulados dele.