tag:blogger.com,1999:blog-26630082731964202262024-03-05T05:22:14.950-08:00Saboreando os livrosMarlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.comBlogger16125tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-25646514008572147812012-07-29T15:08:00.000-07:002012-07-31T16:22:54.390-07:00Porque amo Giuseppe Tommasi di Lampedusa<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDI_gKz_Hr2YlhzxT_ThKd97r5lzA5oAXrgyrkhY-Iix-_i6w8pRAGy3_96Y_FrjeOxmqtzGuplsxaDtAxGFCsnZR8kdIJUKW3yrjSe0o4K5eupqCqFS2j5M6XCh277HezT_Tw4Q2le6g/s1600/gattopardo_pranzo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiDI_gKz_Hr2YlhzxT_ThKd97r5lzA5oAXrgyrkhY-Iix-_i6w8pRAGy3_96Y_FrjeOxmqtzGuplsxaDtAxGFCsnZR8kdIJUKW3yrjSe0o4K5eupqCqFS2j5M6XCh277HezT_Tw4Q2le6g/s400/gattopardo_pranzo.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj02teOdlYSHFeLY6wQWwKMKILJs6xdUTVvn_tKQXyySz8yp9wOv9oraoXTSul1I6MjBwpPeZ2O_GSetlnXx5bfId4G4goTqv_CpmlMP22o5Nj03PpiCTIsP1BtvCtpj4Qn9lHgsd0o4Bk/s1600/Giuseppe_Tomasi_di_Lampedusa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj02teOdlYSHFeLY6wQWwKMKILJs6xdUTVvn_tKQXyySz8yp9wOv9oraoXTSul1I6MjBwpPeZ2O_GSetlnXx5bfId4G4goTqv_CpmlMP22o5Nj03PpiCTIsP1BtvCtpj4Qn9lHgsd0o4Bk/s320/Giuseppe_Tomasi_di_Lampedusa.jpg" width="281" /></a></div>
<br /><br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Porque amo Giuseppe Tommasi di Lampedusa<o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Comprei o livrinho O Leopardo (Il
Gattopardo, no original), apenas porque mais ou menos havia iniciado a coleção
dos volumes de um determinado ‘pacote’ de livros, que certa editora estava
lançando mensalmente. Isto já faz uns 15 anos e até então desconhecia quem tinha
sido Giuseppe T. di Lampedusa. <o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Calibri;">Uma lida no prefácio, escrito por
Giorgio Bassani, o <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>cara que levou o
livro a ser publicado, lá na Itália, me deixou curiosa, pois ele <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se referia à obra como <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a um achado raro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Li o livrinho e me apaixonei por
Lampedusa.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O enredo não tem nada demais:
seria uma rememoração da vida do avô do autor, o príncipe Giulio Fabrizio di
Salinas, que viveu intensamente o episódio da unificação do Estado italiano,
fato ocorrido a partir da segunda década do século XIX.<o:p></o:p></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Calibri;">Ocorre que a gente percebe o
entrelaçamento existente entre o personagem do livro e o próprio autor, como se
este tivesse desejado mostrar simultaneamente o avô e a si mesmo. Além disso, há
a descrição da vida da nobreza <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>italiana
da época (Fabrizio di<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Salinas, como Giuseppe
Tomasi – posteriormente - foram ambos príncipes de Lampedusa, uma ilha
pertencente à Sicília). E a descrição da vida da família do príncipe é muito
interessante. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<span style="font-family: Calibri;">A estória depois foi filmada (em
1963), por Luchino Visconti, com os atores Burt Lancaster, Alain Delon e
Claudia Cardinale, e o filme consagrou-se como uma obra prima. Mas, voltando ao
livro, a estória nos encanta pela descrição da vida da alta aristocracia
italiana, como mencionei. Mas também nos prende devido ao tema, pois relata a
decadência da classe dominante, que estava sendo então destronada pela
burguesia nascente. Percebe-se, ainda que muitas vezes sutilmente, o estado
melancólico do príncipe, que julga a sua classe e família já vencidas e suplantadas
pela classe ascendente.<o:p></o:p></span><br />
<br /><span style="font-family: Calibri;">Quando toma conhecimento de que o
seu amado sobrinho Tancredi de Falconeri vai se aliar à nova classe, contra a
aristocracia (contra a própria família, portanto), o príncipe fica perplexo. <br />
Questionando as razões do “disparate” ao sobrinho, este, com agudeza de
espírito, explica:<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">“é preciso que tudo mude, para
que permaneça como sempre foi”.<o:p></o:p></span><br />
<br /><span style="font-family: Calibri;">O príncipe então passa a apoiar o
sobrinho, inclusive quanto à coligação que este faz com a <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>classe ascendente, ao casar-se com a filha de um
dos seus expoentes (o velhaco, porém perspicaz e novo rico, Don Calogero Sedàra).
A ironia é que a filha do príncipe, a jovem Concetta, sempre amou o primo Tancredi,
com quem acreditava que viria a casar-se. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Então temos um livro que nos oferece um tema
histórico; reflexões sociais e políticas; interessantíssimas descrições sobre a
vida aristocrática;<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>conflitos de valores
e muito mais.<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: Calibri;">Todavia, o que me arrebatou, mais
do que tudo, foi o amor do príncipe Salinas pelos cães. E o fato de ele
atribuir aos sicilianos de então uma índole violenta, ignorante e, de certo
modo, criminosa, o que nos faz antever o espírito que geraria a máfia. Não
obstante tudo isso, é perceptível o amor do príncipe pela Sicília. <o:p></o:p></span></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-21964085768716376552012-04-18T12:49:00.010-07:002012-04-27T11:05:36.643-07:00Cinema Especial - O Clube da Luta!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKUOlB8ZLPoGQUBpl3HKmQkQ0ZbZKOvjsO5F19gPo6H9-eZJpbl2EGssI4YBEebb9DtWwVvwwffOFINhUTe8EaAvL3BjSaY4b-TUv1RIdp-RXWPKVFyW1Bz6A-IT_DeM-3O4KDXGZAwJY/s1600/O+Clube+da+Luta.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKUOlB8ZLPoGQUBpl3HKmQkQ0ZbZKOvjsO5F19gPo6H9-eZJpbl2EGssI4YBEebb9DtWwVvwwffOFINhUTe8EaAvL3BjSaY4b-TUv1RIdp-RXWPKVFyW1Bz6A-IT_DeM-3O4KDXGZAwJY/s320/O+Clube+da+Luta.jpg" width="219" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: black;">Atenção, Spoiler, texto com revelações sobre o enredo do filme acima!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="color: black;"><br />
</span></div>
<span style="color: black;"></span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="color: black;">O Clube da Luta<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Um dia desses revi um pedaço do filme “O Clube da Luta”, que estava sendo exibido na TV. Geralmente só me ponho em frente à TV , durante o dia (era o fim do dia, a bem da verdade), quando vou fazer algum trabalho manual, que não requeira muita atenção, como era o caso. O fato é que eu não posso ver cenas desse filme - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>que vi pela primeira vez na época do lançamento, lá pelos idos do ano 2000 -, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sem me deter <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para assisti-las, pois o considero uma obra genial.<o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O filme conta a estória de um personagem cujo nome não é dito (pelo menos eu não me lembro de alguém ter nomeado o cara, ou ele mesmo ter se apresentado com um nome). Que é um homem comum, inserido no contexto da sociedade contemporânea. Por alguma razão este homem (interpretado pelo ator Edward Norton) <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>viaja muito a serviço – ele trabalha numa companhia que vende automóveis - e está passando por um período em que sofre continuadamente de insônia. <o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Numa das viagens áreas, ele conhece um homem chamado Tyler Dunder (interpretado por Brad Pitt), com quem entabula uma conversa e estabelece uma estranha relação.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tyler Dunder parece ser tudo que o primeiro homem não é: inteligente, questionador, transgressor e totalmente disposto a mudar a “perversa” ordem das coisas; um cara de ação. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>De ação e de palavras, pois as frases que Tyler Dunder profere são bombásticas, do tipo que leva as pessoas a refletirem e <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- estranhamente - a concordarem com elas. Ele diz, por exemplo:</span><br />
<br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">“Somos uma geração sem peso na história. Sem propósito ou lugar. Nós não temos uma Guerra Mundial. Nós não temos uma Grande Depressão. Nossa Guerra é a espiritual. Nossa depressão são nossas vidas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Fomos criados através daTV para acreditar que um dia seríamos milionários, estrelas do cinema ou astros do rock. Mas não somos."<o:p></o:p></span></i></div>
<br />
<span style="color: black; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">“</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu vejo aqui as pessoas mais fortes e inteligentes. Vejo todo esse potencial desperdiçado. <br />
A propaganda põe a gente pra correr atrás de carros e roupas. Trabalhar em empregos que odiamos para comprar merdas inúteis”</i>.<o:p></o:p></span></span><br />
<br />
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="color: black; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">“Você não é o seu emprego. Nem quanto ganha ou quanto dinheiro tem no banco. Nem o carro que dirige. Nem o que tem dentro da sua carteira. Nem a porra do uniforme que veste. Você é a merda ambulante do Mundo que faz tudo pra chamar a atenção”.<o:p></o:p></span></span></i><br />
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="color: black; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Mas essas coisas (e muitas outras!) ele diz ao vendedor de automóveis durante o filme inteiro, no início ele apenas intriga e instiga o homem, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a quem vai enredando em seu mundo. O vendedor insone não consegue que o médico lhe receite remédios para dormir, que em vez disso, o aconselha a aderir a reuniões de grupos de apoio, para que possa ver o que são problemas reais, para assim superar o seu problema de fantasia. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="color: black; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">O vendedor então passa a frequentar as reuniões de um grupo de vítimas de câncer nos testículos e se torna, a partir de então, viciado em reuniões de grupos de apoio, que passa a frequentar obsessivamente. Numa dessas reuniões ele percebe a presença de <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>uma mulher, Marla Singer (interpretada por Helena Boham Carter) que também frequenta as tais reuniões, sem ser uma vítima dos problemas discutidos. A mulher é meio marginalizada e libertina, e o vendedor não demonstra simpatia por ela, tanto que consegue que ela concorde em<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não frequentar os mesmos grupos que ele frequenta. <o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
<span style="color: black; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Nesse meio tempo o vendedor tem o apartamento explodido, em sua ausência, e é levado, por Tyler Dunder, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a fundar um clube de lutas, no subsolo de um prédio. O clube recebe muitas adesões e os homens que entram nele lutam para valer, como se estivessem participando de um desses campeonatos de luta livre, que a gente assiste na TV. Em seguida eles se tornam como que um grupo de subversivos, que toma para si a missão de dar um jeito no mundo, o que significa, executar muitas ações de caráter terrorista, como fazem as facções terroristas existentes no mundo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">Aí Marla Singer telefona ao vendedor <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>comunicando que tomou um punhado de pílulas e está sofrendo os efeitos da overdose, coisa que ele resolve ignorar. Todavia, Dunder fica sabendo do ocorrido e vai socorrer a mulher, com quem passa a ter um ativo relacionamento sexual. Dunder continua a ser a mente e o motor de tudo o que ocorre na nova vida do vendedor, que ganha um cunho totalmente diferente do que era antes. A nova vida é cheia de ações contra o sistema, todas violentas ou abusivas, como a inserção de imagens pornográficas em filmes infantis, ato perpetrado por Dunder, que se emprega como projecionista de cinema exclusivamente com este objetivo.<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;">As ações vão se sucedendo, cada vez mais provocativas e/ou arrasadoras <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e o vendedor começa a achar que Dunder talvez tenha ido longe demais. E é aí que ele descobre que ... Dunder na verdade é ... ele próprio! Sim, lá atrás, no início do período de insônia, ele entrou em processo de esquizofrenia! E se Dunder é ele mesmo, toda a destruição perpetrada até ali, inclusive a explosão do proprio apartamento, foi ação executada por ele mesmo! Tudo isso é dito abertamente, em "conversas" que ele tem com Dunder, e através das cenas mostradas em flasbacks, mas muita gente chega ao fim do filme sem perceber que o vendedor e Dunder são a mesma pessoa!<o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: black; font-size: 11pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-weight: bold; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin; mso-themecolor: text1;"><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: small;">E tem mais, nas cenas finais é vista a explosão das torres gêmeas do World Trade Center (sim, por favor, alguém aí assista é me diga se é ou não, pois já me disseram aqui que são apenas prédios parecidos!). As torres ruem como parte dos planos de destruição arquitetados pelo “grupo” de Dunder, que a gente começa a ver como outras personalidades criadas pela doença que acomete o vendedor. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O detalhe é que o filme foi lançado em 1999 e o atentado ao W TC ocorreu em 2001, como todos aí devem se lembrar!</span></span></span><br />
<br /></div>
</div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-73585276475675814642011-08-21T20:27:00.000-07:002011-08-22T15:24:26.766-07:00<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;"><span style="font-size: 20pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Arial Unicode MS"; mso-fareast-font-family: "Arial Unicode MS";"><span closure_uid_8vyc7z="119" style="font-family: Calibri;">O que é espiritualidade para mim </span></span></div><div class="MsoNormal" closure_uid_8vyc7z="124" style="margin: 0cm 0cm 10pt;"><span style="line-height: 115%; mso-bidi-font-family: "Arial Unicode MS"; mso-fareast-font-family: "Arial Unicode MS";"><span closure_uid_8vyc7z="119" style="font-family: Calibri;"><span style="font-size: x-small;">(blogagem coletiva proposta pelo blog: </span><a href="http://espiritual-idade.blogspot.com/"><span style="font-size: x-small;">http://espiritual-idade.blogspot.com/</span></a><span style="font-size: x-small;">)</span></span></span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt; text-align: justify;"><span closure_uid_8vyc7z="130" closure_uid_b6ufqr="104" style="font-family: Calibri;">Espiritualidade para mim é a certeza de que estamos ligados a algo maior e divino. Cheguei a esta conclusão observando a própria humanidade, pois vejo um quê de sagrado em cada ser humano com quem cruzo, o que me levou a deduzir que trazemos uma fagulha divina dentro de nós. Depois, estudando as religiões, vi que muitas delas apregoam a idéia de que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, coisa que para mim faz muito sentido. Também encontro sinais do sagrado em toda parte, em cada um dos fenômenos naturais que nos cercam.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas, se fico maravilhada ante as estupendas obras da natureza, não o fico menos, ao constatar o incrível equilíbrio de todas as forças universais.</span><br />
<span closure_uid_8vyc7z="130" closure_uid_b6ufqr="104" style="font-family: Calibri;"> Ultimamente eu tenho visto na TV o anúncio de um sem número de documentários, que tratam da possibilidade de a Terra vir a sofrer colisão com um corpo celeste grande, coisa que provocaria uma destruição imensa e terrível. Cheguei a comentar, com o meu marido, que acho este tipo de trabalho agourento e de mau gosto, rsrs. Sim, porque, embora não tenha assistido a nenhum, não pude deixar de ver, nos trailers, que logo após o impacto a Terra mergulharia numa escuridão gelada (provocada pela colossal atmosfera de poeira, cinza e fumaça, que encobriria o sol, acarretando uma dramática queda na temperatura terrestre). Porém, tal escuridão e gelo seriam quebrados, em muitos lugares, por incêndios imensos, que ocorreriam ao mesmo tempo que inimagináveis terremotos e tsunamis. Agora soube que o novo filme do cineasta dinamarquês Lars Von Trier aborda o mesmo assunto, embora com outro foco. Então, já estou começando a achar que alguns homens possam estar pressentindo um gigantesco desastre – Deus nos acuda! rsrs.<span closure_uid_8vyc7z="131" style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt; text-align: justify;"><span closure_uid_8vyc7z="130" style="font-family: Calibri;"><span closure_uid_8vyc7z="131" style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por outro lado, não é de admirar que não ocorram tragédias assim com maior regularidade, se corpos pequenos caem na Terra o tempo todo? Digo com maior regularidade porque, segundo a ciência, o último desastre aconteceu há cerca de 65 milhões de anos e foi a causa da extinção dos dinossauros e de uma importante mudança/ajustamento do clima da Terra, entre outras. Eu não posso crer que o equilíbrio seja casual. </span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt; text-align: justify;"><span closure_uid_8vyc7z="132" closure_uid_b6ufqr="106" style="font-family: Calibri;">Embora eu nunca tenha necessitado de fatos e provas para justificar a minha fé, que é algo íntimo e puramente intuitivo, fico surpresa ao ver as argumentações que muitas pessoas usam para a sua descrença, pois em mim tais argumentos só produziriam dúvidas, e nunca a certeza da inexistência de Deus. Por outro lado, a própria ciência - que, diga-se de passagem, está longe de explicar e entender tudo, ao contrário do que parece acreditar os fanáticos dela -, já elencou tantas condições para a existência da vida na Terra, que crer que tudo é só coincidência chega a ser um paradoxo. Sim porque, segundo a ciência a Terra (resumindo muito):</span></div><div class="MsoNoSpacing" closure_uid_8vyc7z="133" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">1)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_8vyc7z="134" closure_uid_ou59t="105" closure_uid_we8awj="104" style="font-family: Calibri;">Tem o tamanho justo para ter a atmosfera formada de oxigênio e nitrogênio, gases mais abundantes em nossa atmosfera e importantíssimos para a existência da vida. O Oxigênio, aliás, representa só 20% da atmosfera se tivesse mais dele seríamos intoxicados. </span></div><div class="MsoNoSpacing" closure_uid_8vyc7z="133" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">2)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_8vyc7z="144" style="font-family: Calibri;">Está localizada à distancia justa do sol. Se fosse<em> minimamente</em> mais perto ou mais longe, a vida aqui seria impossível</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">3)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_8vyc7z="147" style="font-family: Calibri;">Os movimentos giratórios da Terra são perfeitos para a manutenção do equilibrio térmico de que necessitamos (todos os que vivemos no planeta), tanto no que concerne aos dias e noites <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>quanto em relação às estações.</span></div><div class="MsoNoSpacing" closure_uid_8vyc7z="136" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">4)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_8vyc7z="139" style="font-family: Calibri;">O satélite da Terra (a Lua) tem tamanho e distância perfeitamente ajustados à força gravitacional da Terra e é a força gravitacional da Lua (principalmente) que produz os movimentos dos oceanos (marés) que impedem a estagnação das águas. A evaporação das águas dos oceanos filtra o sal e distribui depois a água pura por toda a Terra, através da chuva.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">5)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_7ra0pn="104" style="font-family: Calibri;">As águas dos oceanos são chacoalhadas pela gravitação lunar, mas não a ponto de inundarem os continentes.</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">6)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_8vyc7z="140" closure_uid_ou59t="115" closure_uid_uztk4p="104" style="font-family: Calibri;">2/3 da superfície da Terra é coberta de água, que é uma substância cujas características (cor, cheiro, solvência, ponto de ebulição e congelamento) atendem perfeitamente às necessidades das vidas terrestres. Congelamento? Alguém pode perguntar? Sim, a água congela de cima para baixo, o que permite que os peixes sobrevivam em locais de invernos rigorosos. E a água é um solvente universal, o que permite que tenhamos muitas substâncias químicas, nutrientes, minerais, etc. presentes em nossos organismos sem que elas nos prejudiquem (para falar só de duas das propriedades da água, que constitue também 2/3 de nossos corpos).</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; mso-list: l0 level1 lfo1; text-align: justify; text-indent: -18pt;"><span style="mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-list: Ignore;"><span style="font-family: Calibri;">7)</span><span style="font-family: "Times New Roman"; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; line-height: normal;"> </span></span></span><span closure_uid_8vyc7z="149" style="font-family: Calibri;">O ser humano é uma maravilha de design e funcionalidade e bibliotecas inteiras poderiam ser escritas apenas com a exploração desse assunto.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Porém, cada um dos seres humanos tem identificação única (o código do DNA que, além disso, é como um programa de computador que informa às células como elas devem se comportar, até mesmo com relação às <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>características potenciais, como o desenvolvimento de doenças, aptidões etc).</span></div><div class="MsoNoSpacing" style="margin: 12pt 0cm 0pt 36pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;">Enfim, é muita coincidência para ser tudo casual! Por outro lado, sei que a Terra sempre tem sido palco de ocorrências incompreensíveis, tanto no que se refere aos males que os homens têm infligido uns aos outros, quanto àqueles decorrentes de fenômenos naturais. Acho que a razão para a existência dessas coisas não nos é dada a conhecer, em nosso atual estágio de compreensão. Pela mesma razão, acho que um deus que compreendêssemos totalmente não seria digno de ser chamado de Deus.</span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt;"><br />
</div></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-8774775045073786622011-07-09T05:58:00.000-07:002011-08-25T04:07:24.237-07:00Meia Noite em Paris e a Vida Real<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on"><div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzv5KL5yJqS8sOOopV8L5RRxhVeojR50u7x-Lhf4bLUakzI4w7-PDBPkF86VXXpIYvsarHySmY7XjbKqjqIUE6X06M0NZanoTpWpkwYTbtpRyo4SBehfOXGrlP057_eMfheSuLVdhnx0U/s1600/Corey+Stoll-4.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5631049558129799826" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzv5KL5yJqS8sOOopV8L5RRxhVeojR50u7x-Lhf4bLUakzI4w7-PDBPkF86VXXpIYvsarHySmY7XjbKqjqIUE6X06M0NZanoTpWpkwYTbtpRyo4SBehfOXGrlP057_eMfheSuLVdhnx0U/s320/Corey+Stoll-4.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 320px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 256px;" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"><div closure_uid_ikouo7="105"><div closure_uid_96i0ub="104">Fui ver recentemente o novo trabalho de Woody Allen, Meia Noite em Paris, e gostei muito. O filme é uma delícia, com a sua explícita alusão ao conto de fadas, em que sonhos se realizam à meia noite ou por volta dela. O personagem sonhador nele é Gil Pender, roteirista de Hollywood, que gostaria de viver em Paris e realizar ali uma obra relevante, começando com a conclusão do romance em que está trabalhando. Gil, sua noiva, Inez, e os pais dela se encontram de férias em Paris, e enquanto ele fantasia sobre como seria a vida ali nos anos 20, quando a cidade fervilhava de escritores e artistas, a noiva e os pais dela não querem outra coisa senão agir como turistas, visitando os points famosos e comprando móveis e objetos para o futuro lar da moça.</div></div></div><div style="text-align: justify;"><div closure_uid_ikouo7="107">Então acontece de Gil ser transportado ao passado, através de um Peugeot antigo, que pára ao lado dele. Isto ocorre quando Gil se encontra sentado numas escadas na rua, onde arriara, a fim de descansar as pernas e tentar apressar um pouco a metabolização do álcool ingerido numa degustação de vinhos, em que estivera com a noiva. Os passeios solitários à noite, aliás, acontecerão muitas vezes, já que Gil se aborrece com a postura da noiva e dos sogros, que se comportam como burgueses arrogantes e tolos, sendo que a noiva ainda lhe proporciona um desprazer extra, ao se deixar envolver por um casal de amigos - que também se encontra de férias na cidade -, pois o homem, ex-professor de Inez, é um indivíduo pedante e chato, por quem, todavia, ela tivera uma paixão no passado (que ele, talvez, deseje reacender no presente).</div></div><div style="text-align: justify;">No antigo Peugeot há sempre alguma das grandes personalidades das artes, que vivia em Paris nos anos 20, começando pelo escritor Ernest Hemingway. Estas pessoas levam Gil aos lugares que freqüentavam: bares, salões de festa e residências. Nestes locais, Gil encontra, estupefato, muitos dos artistas que posteriormente haveriam de ser consagrados como os gênios do século: Picasso, Cole Porter, T.S. Eliot, Luís Buñel, os Fitzgeralds, Gertrude Stein e outros. Claro que todos nós também somos transportados para aquele mundo mágico e cheio de vigor criativo. E ficamos imaginando quão fabulosamente interessante não teria sido uma experiência assim. </div><div style="text-align: justify;"><div closure_uid_ikouo7="108">Terminado o filme, porém, não pude deixar de pensar nas vidas daqueles gênios, e foi inevitável a constatação de que muitos deles experimentaram grande quinhão de dor. Hemingway, por exemplo, começou a sofrer antes do estrelato, digamos assim, pois o pai dele se matou, quando o escritor tinha 30 anos e estava mais ou menos no início da carreira. A mãe dele, não obstante a relação que tinha com a arte, pois era professora de canto e ópera, tinha um espírito dominador e autoritário e era dada a atormentar o filho. Consta, em algumas das biografias do escritor, que a mãe chegou a lhe enviar o revólver com que o pai se matara, e ele nunca soube se ela desejava que o guardasse, como uma recordação do acontecimento trágico, ou o usasse para o mesmo fim. De qualquer modo, Hemingway viria também a cometer o suicídio, em 1961, vencido por doenças sérias e uma severa depressão. Antes disso, porém, a vida dele fora intensa e cheia de aventuras, como dá para entrever no filme. Também os Fitzgerald enfrentaram anos sombrios. O casamento deles foi instável e permeado de sofrimentos, que culminaram na esquizofrenia dela e no alcoolismo dele. Scott Fitzgerald morreu aos 44 anos, quando tentava refazer a vida longe de Zelda, que se encontrava internada num hospício (onde viria a morrer, oito anos depois, num incêndio que consumiu o lugar). </div></div><div style="text-align: justify;"><div closure_uid_ikouo7="109">Cole Porter, provavelmente o mais charmoso dentre todos quantos foram mostrados no filme, ingressou no seu Purgatório terrestre aos 46 anos. Até então levara vida rica, venturosa e luxuosa, cercado dos mais conhecidos intelectuais da época. E então, em 1937, sofreu o acidente de cavalo que lhe quebrou as duas pernas, o obrigou a amputar uma delas, e o deixou com dores crônicas até o fim dos seus dias. Homossexual, Porter viveu vários romances com homens, apesar de ter sido casado durante 34 anos, com Linda Lee Thomas, mulher que sempre o apoiou. Quem assistiu ao filme que conta a vida dele (De Lovely, com Kevin Kline no papel principal), deve ter visto tudo isso. </div></div><div style="text-align: justify;"><div closure_uid_ikouo7="110">T.S. Eliot tinha um distúrbio mental, como também a esposa dele. Picasso até que não sofreu, se não levarmos em conta os anos de pobreza extrema e carências variadas, do início de sua carreira. Em compensação, ainda hoje é acusado de ter infligido muitos e terríveis sofrimentos às suas mulheres.</div></div><div style="text-align: justify;">Bem, vou parar por aqui, pois a vida também tem coisas boas e é um erro a gente se deter demais nas ruins. Todavia, não posso deixar de perguntar: não é uma pena que a vida real seja frequentemente tão complicada?</div></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-21283815408115515142011-03-15T03:15:00.000-07:002011-03-15T10:25:00.537-07:00Nascimento<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY-HLOQO-j1Fj7Pfc1diYss66rZ5NfRr_X9KI_bK9nHl_I5TwyRgNXwhi_zS9SS60M9uMkJGgcKfpMwKwQd-NzFMU2I9iZJ-pXOrq9Gm7xByVi4V_q4cBMnQzgbGErRE4qMgNqE8kkIHc/s1600/Fases+da+Vida2.gif"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 140px; DISPLAY: block; HEIGHT: 140px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5584255787999697394" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgY-HLOQO-j1Fj7Pfc1diYss66rZ5NfRr_X9KI_bK9nHl_I5TwyRgNXwhi_zS9SS60M9uMkJGgcKfpMwKwQd-NzFMU2I9iZJ-pXOrq9Gm7xByVi4V_q4cBMnQzgbGErRE4qMgNqE8kkIHc/s320/Fases+da+Vida2.gif" /></a> <div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br /> Quando fui convidada a escrever sobre o assunto ‘nascimento’, pensei em falar sobre a entrada dos seres humanos nesse mundo, a expectativa que este acontecimento gera na família e coisas tais. Mas isso me fez pensar justamente na importância que tem a boa expectativa, com relação à chegada dos bebês, que deveriam sempre ser desejados e bem cuidados. Sabemos que, por infinitas razões,a realidade não é bem esta. E, por outro lado, eu compreendo e respeito a decisão das pessoas que decidem não ter filhos. Os filhos, de fato, dão trabalho e geralmente impõem sacrifícios aos pais. Há pessoas que não deveriam mesmo ter filhos, seja em razão dos próprios interesses ou limitações, ou pelo bem da humanidade.<br /> Com tudo isso, porém, eu não compreendo uma pessoa como a psicanalista Corinne Maier que, sendo mãe, se deu ao trabalho de escrever um livro onde lista 40 Razões Para Não se Ter Filhos (que, aliás, é o nome da obra). Para ser sincera, eu não cheguei a ler este livro (nem pretendo, pois o título é por demais autoexplicativo, rsrs). Mas as resenhas dele, lidas em muitas mídias, e as controvérsias que ele gerou na época do lançamento me fizeram saber que esta senhora acha que (com as próprias palavras dela): </div><div align="justify"><br />01) As crianças são o inferno<br />02) Os filhos arruínam as mães<br />03) Uma mulher com filhos não pode ter uma carreira<br />04) Também não pode se divertir nem ter vida afetiva e sexual<br />05) Filhos são parasitas </div><div align="justify">E vai por aí até chegar à 40ª. </div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div><div align="justify"><br /> É um livro tão provocativo, e a autora parece tão afeita às controvérsias, que eu simplesmente não o mencionaria, chamando a atenção para esta obra caça-níqueis, não fosse o fato de terem vindo a público um bando de gente igualmente equivocada (ou de má fé) que, ecoando as argumentações do livro, tenta impor os próprios pontos de vista. Chamo essa gente de equivocada ou de má fé porque, como eu disse acima, ter ou não filhos é decisão de foro íntimo, que deve ser respeitada pelos outros. </div><div align="justify">Mas vir a público proclamar sandices como: “Com filhos você vai passar noites acordada e não será na balada e sim ouvindo choro” é algo que açoita o meu raciocínio e sensibilidade e, diante disso, a vontade que tenho é de dizer a essa pessoa: "Você tem razão, se a sua mãe tivesse pensando como você, eu agora estaria livre de ouvir/ler o que você está dizendo”, rsrs. </div><br /><br />(Blogagem Proposta pelo Blog Espiritual Idade: http://espiritual-idade.blogspot.com/)Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-44189613765902567902011-03-08T17:50:00.000-08:002011-06-03T16:09:21.607-07:00O Bom, o Mau e o Feio (The Good, the Bad and the Ugly), ou uma das muitas belezas que a vida me ofereceu.<div align="justify">Meu pai era fanático por faroestes e e séries de TV relacionadas a cowboys e fazendeiros. Acho que isso se devia à infância dele, vivida em fazendas. Ele também se identificava com os forasteiros, que deixam as suas raízes para irem em busca de progresso pessoal e aventura, em lugares ainda por desbravar. O espírito aventureiro e destemido, aliás, era peculiaridade de meu pai, que deixou a vida cômoda e conhecida, para participar, desde o início, da epópeia da construção da nova capital do Brasil.<br />Na minha infância e juventude, quando os filmes de faroeste eram exibidos na TV, nós filhos sabíamos que o canal não podia ser mudado. Nessas ocasiões, eu geralmente me retirava da sala e ia ler um livro, ou fazer outra coisa, pois embora nunca tivesse assistido sequer a um filme desses inteiro, não me agradava a violência que permeava as estórias; nem as pessoas brutas e empoeiradas que eram as personagens delas.<br />Mas, eis que um dia, passando diante da porta da sala, enquanto meu pai prestava o seu culto semanal aos cowboys do Velho Oeste, rsrs, ouvi uma música muito linda, que em seguida descobri ser a trilha sonora do filme que ele assistia. Era ‘Il Trillo’, de Ennio Morricone, que foi consagrada posteriormente como “The Good, The Bad and de Ugly”, nome norte-americano do filme ‘ Il Buono, il Brutto, il Cattivo’, do italiano Sérgio Leone, estrelado por Clint Eastwood.<br />Achei a música extraordinária e dali pra frente passaria a associar cada nota dela à ação do filme: as disputas entre Eastwood ‘Loirinho’ e os dois outros bandoleiros: Tuco e Angel Eyes. Loirinho seria o Bom, Angel Eyes, o Mau, e Tuco, o Feio. Na verdade, nenhum dos três era realmente bom e Eastwood/'Loirinho' era o mais bonito deles, rsrs. Mas isso não tinha importância; importante era a gente ir assistindo e intuindo, por causa da agitação que ia nos tomando, que estava diante de uma obra genial, que estaria conosco para sempre.<br />Quando eu fiquei mais madura e pude acompanhar com mais atenção à carreira de Clint Eastwood, me ocorreu que os acasos da vida já devem ser previamente determinados, para algumas pessoas. Só isso explica o fato de alguém como Clint Eastwood ter tomado parte de um projeto cinematográfico que à época, devia parecer uma bobagem, para um ator norte-americano. Refiro-me aos filmes ‘Spaghetti Western’, gênero no qual embarcou Sérgio Leone. Mas o tempo fez com que alguns daqueles filmes – este entre eles - viessem a ser considerados obras primas. Uma coisa é certa, a música/tema de Ennio Morricone é de fazer qualquer um arrepiar; beleza em estado puro!</div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-48536300387817729862010-01-02T11:16:00.001-08:002011-05-31T14:53:08.180-07:00Filme: “Um amor verdadeiro” (One true thing)/As lições que o cinema nos dá – vol I<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxjJ3Mu3NPhijDmBJ9mVDLhHyyEND9PPZUrlp41WSQQJm93HiGNcJOqAZ8mIpCg5NqnsWWvIHk9Pwueb3I9E0DlCiBSZUpFYo1xJoEuCZYmt-NJa59zZQhz3eOGjRjBkErS0j1t4fOYLU/s1600-h/Um+amor+verdadeiro.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 240px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5422224820963782002" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxjJ3Mu3NPhijDmBJ9mVDLhHyyEND9PPZUrlp41WSQQJm93HiGNcJOqAZ8mIpCg5NqnsWWvIHk9Pwueb3I9E0DlCiBSZUpFYo1xJoEuCZYmt-NJa59zZQhz3eOGjRjBkErS0j1t4fOYLU/s320/Um+amor+verdadeiro.jpg" /></a> <br /><div align="justify"><span style="font-size:130%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:130%;"></span></div><br /><div align="justify"><span style="font-size:85%;">(atenção: ‘spoiler’, texto com revelações sobre o enredo do filme acima)</span><br /><br />Eu estava (estou) com um post praticamente pronto, sobre as aspirações femininas, versus obrigações domésticas, e pensava mesmo em terminá-lo hoje, já que este blog está parado há mais de um mês (cruzes!), quando vi, na noite passada (no momento em que me deitei), um pedacinho do filme ‘Um amor verdadeiro’ (One True Thing), que estava sendo exibido na TV. Já era mais de meia noite e eu tinha de acordar bem cedo, portanto, tive de deixar o filme prá lá. Mas fiz isso com pesar; e só consegui desligar a TV depois de assistir a uma boa meia hora da película. Porém, a minha opção pelo assunto a ser abordado no post de hoje se transferiu, automaticamente, para o filme.<br />‘Um amor verdadeiro’ (por que traduziram o título assim, é um mistério para mim!) não é bem um filme novo (foi lançado em 1998), e eu já o tinha visto antes. Mas o considero tão bom, que não posso deixar de voltar a o assistir, se as suas imagens me são apresentadas.<br />O que esse filme tem de mais extraordinário, em minha opinião, é a capacidade de tratar de assuntos sérios e profundos, de forma aparentemente despretensiosa. Ele é estrelado por Meryl Streep que, soberbamente, contracena com William Hurt (em ótima atuação) e uma jovem Renée Zewellger (que apesar das críticas, também desempenhou muito bem o seu papel).<br />Eu poderia dizer – como muitos já o fizeram – que o filme conta a estória de uma moça que, forçada a abandonar a própria carreira para cuidar da mãe doente, vê mudarem os seus pontos de vista sobre a família (e sobre a vida!).<br />Todavia, apesar de ser exatamente assim, o filme mostra mesmo é como o processo de crescimento de um ser humano pode ser complexo e doloroso. Ou como a vida é - quase sempre - uma trajetória difícil. Ellen Gulden, a personagem de Zellweger, é uma jornalista, em início de carreira, que ambiciona fazer logo uma reputação entre os seus pares. Ela se vê como uma pessoa muito superior à própria mãe, que ela julga limitada. Ellen acha que é com o pai que tem afinidades, por ele ser um homem voltado para as coisas do intelecto: professor de literatura e escritor (embora de pouca expressão); e também alguém que ela acha mais sábio do que a mãe.<br />Para Ellen, Kate Gulden, sua mãe, é quase uma caricatura, com a sua' fútil’ determinação em ser a perfeita dona de casa (enquanto dá pueris festas à fantasia, e, juntamente com as amigas - que Ellen também considera folclóricas - faz minuciosos trabalhos manuais, principalmente ornamentos para as árvores de Natal). E aí, como sói acontecer sempre (pois “a mudança é a lei da vida”, conforme nos atestam os aforismos do Orkut), o mundo de Ellen sofre uma brusca transformação; ou, como costuma dizer o povo, “é posto de cabeça para baixo”. E tudo por conta da doença que acomete a mãe.<br />Sim, porque, quando Kate Gulden é diagnosticada como portadora de um câncer (que acaba por matá-la), George Gulden, o charmoso e inteligente pai de Ellen, determina que a filha se afaste do seu mundo (emprego, namorado e até do próprio apartamento, pois ela mora em outra cidade), para cuidar da mãe.<br />E é aí que os fatos reais da vida começam a se mostrar para Ellen. Ela vê então, depois de haver se submetido por alguns dias ao estafante trabalho doméstico, o quanto a mãe é – na verdade - abnegada e amorosa. E o quanto o pai é uma pessoa diferente do que ela supunha: um tanto egoísta e ... sim, fútil. A mãe se lhe aparenta tão incrivelmente capaz de sacrifícios, que ela lhe pergunta:<br />“Como é que você suporta tudo isso, dia após dia?”. E a mãe serenamente responde: “Mas esse trabalho é necessário a vocês, minha família, pessoas que me foram dadas para amar nesse mundo!”. E o pai, de quem são gradativamente mostradas as fraquezas e os enganos, não é tido, por isso, em menor conta pela mãe (que parece sempre ter sabido delas), mas passa a ser depreciado (e até hostilizado) pela filha!!. Também quanto ao namorado a percepção de Ellen se amplia, fato que não pode deixar de ter consequências.<br />Enfim, este é um desses filmes comoventes, feito para ensinar e fazer refletir. É também - sem dúvida - uma tentativa de definir o amor verdadeiro. Huuumm, pensando bem, a tradução do nome para o português é bem pertinente! </div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-70172728018859705132009-10-13T19:16:00.001-07:002009-11-22T04:15:49.651-08:00Bob Dylan<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5gpw36xGDIyHRXQXaOuS0aggYwkR06_x_30RVcOE0h1DxUjDZ6WmjnK3RPjwItK3Zb8LnEA3viheg0GI9TGeehImC9H6tWU7_YVHGMFbDawxE7glECyhZWyBldGPIRuUQoBIIfKuwsbI/s1600-h/Minhas+imagens.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5392282279580494434" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 256px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5gpw36xGDIyHRXQXaOuS0aggYwkR06_x_30RVcOE0h1DxUjDZ6WmjnK3RPjwItK3Zb8LnEA3viheg0GI9TGeehImC9H6tWU7_YVHGMFbDawxE7glECyhZWyBldGPIRuUQoBIIfKuwsbI/s320/Minhas+imagens.jpg" border="0" /></a><br /><div align="justify">Minha irmã me mandou e-mail, com a música de Bob Dylan, ‘Blowing in the wind’, dizendo que o mesmo despertara nela saudades de anos atrás, época em que descobrimos Dylan. Ela falou também da importância que o poeta/cantor passou a ter para nós, a partir de então. Recordações dos velhos tempos!</div><div align="justify">No ano passado, Bob Dylan esteve no Brasil, onde se apresentou no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eu não quis ir vê-lo. Primeiramente porque os ingressos custavam os olhos da cara. E depois, porque eu tinha medo de que a magia ligada à pessoa de Dylan, em minha mente, se desfizesse, caso eu me visse frente a ele.<br />Eu já ouvi mais de vinte vezes, seguidamente, uma mesma música de Dylan. Na verdade, eu já ouvi umas duas ou três músicas dele, tocar seguidamente, vinte ou trinta vezes. Isso acontece, geralmente, quando vou fazer alguma trabalho 'automático' e 'mecânico', ouvindo o meu headfone. Aos primeiros acordes de músicas como Lay lady lay; Like a Rolling Stones ou Mr Tambourine Man, o meu dedo aperta automaticamente a tecla ‘repeat”, e eu fico ouvindo-a até cansar. Nesses momentos, passa pela minha mente pensamentos sobre o alcance da arte e reflexões sobre o talento de artistas como Bob Dylan.</div><div align="justify">Não faz muito tempo eu assisti ao filme “Eu não estou lá” (I’m not there), que conta, por assim dizer, a vida de Dylan, que é representado nele, por umas cinco ou seis pessoas. A idéia de usar cinco ou seis atores (inclusive uma mulher) para representar uma única pessoa, que no caso é o cantor, pode parecer maluca para alguém, mas faz todo o sentido se a pessoa representada é múltipla, como Bob Dylan. </div><div align="justify">Na verdade, todos nós somos mais de um, dado que todos sofremos transformações ao longo da vida. Mas, no caso de Dylan, é algo mais do que apropriado, uma vez que ele parece ser a própria metamorfose ambulante. Aliás, o nome do filme, "Eu não estou lá", faz referência a uma canção de Dylan que não teria sido lançada. Mas também se refere à fórmula do poeta francês, Arthur Rimbaud: "Eu é um outro", em cuja fonte Dylan também bebeu. Aliás, até mesmo o nome "Dylan", o cantor (cujo nome real é Robert Allen Zimmerman), tomou de empréstimo de outro trovador, o poeta Dylan Thomas. Também achei especialmente oportuna no filme, a exibição das fraquezas e contradições do artista, nuances presentes em todos os seres humanos e que também os define. Adorei o episódio em que ele se envolve num imbróglio com a esposa e outras pessoas, por proferir (de modo quase inconsciente) duas ou três frases carregadas de misoginia, coisa que exaspera a mulher, bem como os outros presentes. Acho também interessante o fato de a música de Bob Dylan açambarcar estilos tão variados e diferentes, como o folk e o rock, para citar só dois deles. E o mais interessante ainda, é percepção de que certas músicas talvez só sejam atraentes por terem vindo dele, por carregarem em si, um pouco da essência do artista. Quero dizer que não estou certa de que gostaria igualmente, por exemplo, da música ‘Like a Rolling Stone’, se ela fosse cantada em português. Penso que ela me pareceria por demais brega, como um brado de repreensão masculina contra uma mulher outrora exuberante e bem de vida; algo bem aos estilo dos sertanejos, que é um gênero ao qual faço restrições. Mas Bob Dylan é Bob Dylan! </div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-67024927011766033822009-08-28T05:00:00.000-07:002009-08-30T11:20:29.191-07:00Os livros de 2009 e...<img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5375376481225239282" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 344px; CURSOR: hand; HEIGHT: 284px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiPGpLmU9HC-CbTS7kKMc56sUY_Fzy9aNWSU7tw7_kHOnLUfYsXP8ZLshqm3rShCGlUbIcrgVyNbfmDIdUaSyjQO3yuSR5zjcapSibPEYrr43QOPIBGXGTURDroTVkN2xe3EKJUeN0jYFQ/s320/Fotos+de+27+08+09+062.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5375376888457649762" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibg-fUgPkFTGCeHPAAbplcFtW9uArwRsNwx_dD0xe9OZ2KvA1_L7EXjGs1yWQwoXtxMj6k7GmgRCitRoFk6Bq3fBt1BsgAJbci9ZF4Ay-4b-xDTO_U9sYE4hLcsufGuuKCAFfjTKtWLsQ/s320/Fotos+de+27+08+09+065.jpg" border="0" /><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5375378122544820418" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh13-HVVHMSGo7OGFHFrHVLL0anD75Rn6x10bWNLjPPJ0lcDx7gV3KQGYHSAQNEuohVlxFoxCu7UO9mK5X7CvdTZENniyTpl2LIMmk3KpsTkvej1YLWQWrYseGDc_mbStLduXb1QhiQDcI/s320/Fotos+de+27+08+09+063-1.jpg" border="0" /> <div><div><div><div><div><div><div><div>Desde o início do ano venho tendo a impressão de que fui posta num espaço paralelo, onde o tempo corre em escala diferente, muito mais acelerada. A despeito disso (ou por causa, disso!), tudo para mim vem se arrastando lenta e confusamente. Foi dentro dessas circunstâncias que consegui ler os livros acima. É bem menos do que eu havia programado em minhas resoluções de ano novo. Mas, de um jeito estranho, é um número satisfatório, se considero as dificuldades que têm se interposto entre os livros e eu. Os nomes são os seguintes:</div><br /><div></div><div>1 - Quando Nietzsche Chorou - Irvin D. Yalom<br />2 - A Cura de Schopenhauer - Irvin D. Yalom<br />3 - Banquete Com os Deuses - Luís Fernando Veríssimo<br />4 - A Vida é Bárbara - Luís Fernando Veríssimo<br />5 - A Montanha Mágica - Thomas Mann<br />6 - Não Caia da Montanha (autobiografia) - Shirley MacLaine<br />7 - O Relatório de Brodie - Jorge Luís Borges<br />8 - Pergunte ao Pó - John Fante<br />9 - Dom Casmurro (releitura) - Machado de Assis<br />10- O Pai - Dirce de Assis Cavalcanti<br />11 - O Amor é um Cão dos Diabos - Charles Bukowski<br />12 - Memórias da Casa dos Mortos (releitura) - F. M. Dostoiévski </div><div>13 - Um Gosto e Seis Vinténs - William Somerset Maugham</div><div>14 - Mandrake, a Bíblia e a bengala - Rubem Fonseca<br /><br />O 'A Montanha Mágica', de Thomas Mann, ainda estou a ler. Mas, nas fotos faltam uns cinco ou seis livros que foram emprestados, ou se tornaram invisíveis, na desordem reinante em minhas estantes. Entre os que faltam, figuram o 'Uma breve história do tempo', de Stephen Hawking; o 'Contos e Poemas Para Crianças Extremamente Inteligentes (de todas as idades)', de Harold Bloom; e o 'Viagens na Minha Terra' , de Almeida Garrett, que são os que me vêm à memória no momento.<br />Os livros que me deixaram um tantinho reticente, ao fim da leitura, foram os dois de Irvin D. Yalom: 'Quando Nietzsche Chorou' e 'A cura de Schopenhauer'. Ambos têm estórias envolventes e são algo instrutivos, no que se refere às vidas dos filósofos apresentados (e também quanto aos processos psicanalíticos, pois o autor é psiquiatra). Contudo, a meu ver, Yalom simplifica demais as personalidades abordadas; as transforma em outras pessoas, de certo modo. Duas criaturas complexas como Arthur Schopenhauer e Friedrich Nietzsche (ambos unidos e desunidos por suas idéias), são elevados à categoria de divinos, de donos de sabedorias sobre-humanas. </div><div>Eu sempre fico de pé atrás, com relação às idéias de Nietzsche. Acho que ele mistura conceitos revolucionários com princípios que, se postos em prática, inviabilizariam a vida, uma vez que a liberdade irrestrita não é possível neste mundo (sobretudo quando a liberdade de que se fala é a da entrega aos prazeres!). </div><div>Outra contradição de Nietzsche (entre inúmeras outras) é que ele nega, por assim dizer, a parte espiritual da vida, quando esta se relaciona com alguma coisa superior, algo ligado ao sacrifício e à renúncia; mas não o faz quando se trata dos prazeres. A prova disso é que cultuava o deus pagão Dionísio, a quem veio a "incoporar", no fim da vida, quando se apresentava como o próprio! </div><div>Para mim, o problema com as premissas de Nietzsche é que ele parece ter chegado a elas, desconsiderando as implicações das mesmas. Em Nietzsche tudo é contudente e radical, mas se a gente o lê com o cuidado suficiente, percebe a vacuidade, quanto ao que seriam os desdobramentos resultantes dos postulados dele. </div></div></div></div></div></div></div></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-39027390029610043852009-07-18T10:31:00.000-07:002009-12-27T18:00:50.910-08:00Rabiscos em cadernos de notas explicam o sofrimento?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU49b29rxhfOw8brSwCh3qhEHm3YCrvCZOLoNh4g_lbKL4z74Abgd0U9rpkQV4wgCy5uqf340-BwrYED7uUXFPVwcXszNMIMnq38dYcjO9y8RegFqda7PIjSqkNXpiOIhoAy4lLhlE05E/s1600-h/o+grito.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5359891992336769970" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 254px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhU49b29rxhfOw8brSwCh3qhEHm3YCrvCZOLoNh4g_lbKL4z74Abgd0U9rpkQV4wgCy5uqf340-BwrYED7uUXFPVwcXszNMIMnq38dYcjO9y8RegFqda7PIjSqkNXpiOIhoAy4lLhlE05E/s320/o+grito.jpg" border="0" /></a><br /><div>Bem, a consciência de que o blog está abandonado me tem perturbado. Comentei isso com alguém daqui, e a pessoa retrucou: “Ué, mas é qual a razão disso? Você tem um montão de cadernos com coisas escritas; pega qualquer um deles e publica o que estiver escrito, uai!<br />Eu disse pra mim mesma: “Taí, em vez de escrever texto novo, transcreverei os já escritos!”. E para começar do princípio, saquei duma sacola (que, com o seu conteúdo, quase fora jogada no lixo), um dos meus antigos cadernos de anotações, que lá se encontrava.<br />E o que leio nele? Notas avulsas; impressões sobre trechos de leituras; aforismos; premissas filosóficas e religiosas, e o escambáu. Diante disso, o meu primeiro pensamento foi: Ah, é impossível transformar uma barafunda dessas em algo compreensível! O que se pode fazer com isso, por exemplo?<br />"Isso" eram os seguintes comentários sobre o “De Profundis”, de Oscar Wilde, que eu lia então: Como todos, Wilde se vergou à pressão do sofrimento. E também se transformou a partir dele. A relação cintilante e ruidosa com Bosie (Lord Alfred Douglas, outrora seu amante e causa da sua prisão), se converteu em amarga desilusão.<br /><br />E complementei: já aqui, na introdução da carta (De Profundis é uma carta dirigida a Bosie, escrita quando Wilde se achava preso; mas é também o relato das ponderações do escritor a respeito de sua própria vida e do revés que lhe sobreveio), Wilde chama a “amizade” que o uniu a Bosie de “desgraçada” e “lamentabilíssima”.<br /><br />E consciente de que Bosie necessitava – muito mais do que ele mesmo – de uma boa dose de tribulação e desapontamento, para examinar o próprio interior e conhecer as inclinações do próprio coração, Wilde diz: “Deves ler esta carta até o final, ainda que cada palavra tenha de ser para ti como o cautério ou o bisturi do cirurgião que queima ou sangra as carnes delicadas”.<br /><br />Desenhei uma seta direcionada ao texto acima, depois da frase de Antoine de Saint-Exupéry: “Abençoado ferimento que te faz parir de ti próprio”.<br />E mais adiante, anotei: “Wilde compreendeu bem o papel do sofrimento nas vidas humanas, pois acabou por escrever: “Onde há sofrimento há terreno sagrado”.<br /><br />Muitas páginas à frente, encontrei breve resumo da vida de Sir Walter Raleigh, um homem que viveu entre os séculos dezesseis e dezessete, e atingiu os píncaros da glória como explorador enviado a desbravar e se apossar do ‘Novo Mundo’, pela monarquia inglesa. Anos depois, porém, Sir Raleigh se viu aprisionado e condenado à morte pela mesma monarquia, após uma tremenda virada da sorte. Durante o seu encarceramento, enquanto aguardava a execução, Sir Raleigh, que fora um homem muito rico, escreveu as seguintes palavras à esposa, Bess Throckmorton: “Entretanto, se puderes viver livre de necessidades, não ambiciones mais, pois o resto é apenas vaidade”.<br /><br />E, em outro caderno, já com data bem mais recente, encontrei a frase da atriz Charlotte Rampling que, segundo consta, se acha no livro de entrevistas, “Entre Aspas” , de Fernando Eichenberg:<br />“Durante toda a vida há catalisadores. Há momentos chaves que fazem com que você mergulhe completamente em abismos ou em que você vai poder se reconhecer diferentemente por meio de imensos sofrimentos. E, quando atravessamos esses sofrimentos as alegrias são muito maiores, muito mais inteiras e também muito mais válidas. Penso que o percurso de uma vida é feita disso; desses momentos”.<br /><br />Perceberam o padrão? Notaram que todos os textos tratam do sofrimento humano? E não são os únicos. Há informações sobre o pós-desastre sofrido pelo ator Christopher Reeve, extraídas de entrevista dada pelo mesmo a uma revista. E também trechos da vida do produtor de filmes Robert Evans, mostrados no filme ‘O Show não pode parar’; e excertos da autobiografia de Ali Mac Graw, ex- esposa de Evans (bem como de Steve McQueen), em que ela se refere, também, aos reveses que sofreu, após os anos esplendorosos de fama e poder em Hollywood, etc.<br /><br />Encimando todos os trechos, grafei a palavra ‘tribulação’. A razão da compilação deles é a minha eterna busca de compreensão dos altos e baixos da vida. Seria tudo casual, como pensam alguns? Viver é sofrer, como achava Schopenhauer?<br />Certamente que não!Os próprios citados acima experimentaram, como todos sabemos, e muitíssimo mais do que os mortais comuns, as delícias e glórias da vida.<br /><br />Deixando, porém, as grandes indagações sobre o sofrimento para a reflexão dos filósofos e místicos, e meditando objetivamente sobre aqueles que nos acometem, constatamos que são principalmente de dois tipos: os que os outros nos infligem injustamente, que quase sempre decorrem de mal entendidos e falhas humanas, podendo ser terríveis mas, que em nossas vidinhas vulgares são muito menos freqüentes.<br />E os criados por nós mesmos, devido à nossa ignorância e imaturidade (esses são os mais comuns).<br />De qualquer modo, os que pararam para refletir no próprio sofrimento concluíram - como o salmista* -, que a função dele é mudar os homens para melhor. Deve ter sido essa a razão de Dostoiévski ter afirmado: “O meu único temor é o de não ser digno do meu próprio sofrimento”.<br /><br />*<span style="font-size:85%;">Palavras do salmista: “Foi-me bom ter sido afligido, pois antes de ser afligido eu me extraviava”. (Salmo 119 versos 67 e 71).<br /></span></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-1855956491848964792009-05-26T10:48:00.000-07:002009-09-21T04:15:42.369-07:00Nós e os cães<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHrKdXsgD8RtouJ4r97yoJbWS16XBpaKQhnd9Xot6NnTXl79uG72-Z6lpsmzLM_jaSI_u0q9MEZ1M0uRqJQl5GUMZ1bmt1UsTknxhU7DAQirGqx9HlmTbyRLb8iyiP25B0w3qcbws0q3g/s1600-h/Fotos+de+15.08.08+094.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5340192856907289026" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHrKdXsgD8RtouJ4r97yoJbWS16XBpaKQhnd9Xot6NnTXl79uG72-Z6lpsmzLM_jaSI_u0q9MEZ1M0uRqJQl5GUMZ1bmt1UsTknxhU7DAQirGqx9HlmTbyRLb8iyiP25B0w3qcbws0q3g/s320/Fotos+de+15.08.08+094.jpg" border="0" /></a> Ter um animal, qualquer animal, dá trabalho e despesa, como se sabe. Ter um cãozinho (como esse da foto), como animal de estimação, exige tudo isso e um pouco mais. Essa da foto é a Dorothy, uma poodle de quase dez anos. Ela foi dada à minha filha mais nova, em seu aniversário de seis anos, quando a cadelinha tinha poucos dias de vida. A menina, hoje com quinze anos, continua amando-a, como no dia em que a recebeu. Mas sou eu quem cuida dela.<br />Quem tem um animalzinho desses não fica - certamente - refletindo sobre ele e muito menos sobre o trabalho que o bicho dá. Os donos de animais - salvo infaustas exceções - acolhem-nos, como se acolhem os filhos: felizes por terem encontrado a quem amar! Mas que esses bichinhos dão trabalho, ah isso dão! Ainda há pouco, essa verdade me veio à mente, quando vi o meu marido arrancando os carrapichos que se prenderam aos pelos e à roupa da Dorothy (sim ela está metida num agasalho porque o tempo está frio e o pêlo dela baixo, por ter sido tosado).<br />Eu tinha visto que ela estava cheia de carrapichos, pois foi na hora em que eu fui molhar as plantas, que ela - como sempre - se embrenhou no meio delas, à caça dos gatos que se hospedam em nosso quintal. Mas estando eu já um pouco atrasada, para o preparo do almoço, deixei para resolver o problema dos carrapichos num momento mais oportuno.<br />Nisso, meu marido chegou, almoçou e se apercebeu do aspecto eriçado e "carrapichoso" da cadela, pois ela se deita ao lado dele, na hora dessa refeição. Então ele a pôs no colo e foi tirando as sementinhas e as depositando no assento de um banco, que estava próximo a eles. Eu fui limpar o banco e pude ver a nuvem de pontos pretos, onde se contava mais de cem. Meu marido quase se atrasou, no seu retorno ao trabalho, por conta dessa tarefa; mas deixou a cadela limpa novamente!<br />No que diz respeito à Dorothy, uma questão, como essa, dos carrapichos, é de somenos importância! Pior são as chantagens emocionais, feitas quando a gente a deixa só (sempre por apenas poucas horas!). Ser deixada só a chateia imensamente! E ela expressa a chateação, geralmente, vomitando em cima do sofá (ou num local difícil de achar!). Nós, naturalmente, não facilitamos mais essa manha e, quando saímos, a tiramos de dentro de casa.<br />Mas quem realmente se importa com tais coisas, se o contraponto para tudo isso é o recebimento de amor incondicional? Lembrei-me, agora, das palavras de Giuseppe de Lampedusa sobre Bendicò, o cão do príncipe de Salina (o alter-ego do próprio Lampedusa, no romance O Leopardo): "Bendicò era dono de deliciosa estupidez", diz o príncipe. Ele profere essas palavras quando faz o balanço de sua vida, após ter sido acometido por doença incurável. Ele diz então, que, tendo chegado aos setenta e três anos, constata só ter vivido (leia-se: sido feliz) por três anos. E a que ele atribui a felicidade fruída? Aos cães (por grande parte dela!).<br />Há no livro um trecho que ilustra a "deliciosa estupidez" de Bendicò, o qual transcrevo abaixo (advertindo antes, que o dono e o cão se encontravam no jardim da casa):<br /><br />"Estava ele ali, inerte, sentado num banco, contemplando a devastação que Bendicò ia fazendo nos canteiros. De vez em quando, o cão levantava os olhos inocentes para ele, como que pedindo um louvor pelo trabalho realizado: catorze cravos despedaçados, meia sebe arrancada, um rego obstruído...<br />- Chega, Bendicò, venha cá.<br />O animal acorria e pousava-lhe na mão o focinho sujo de terra, ansioso por mostrar-lhe que a tola interrupção do belo trabalho cumprido lhe havia sido perdoada”. </div><div align="justify"><br />O amor do príncipe pelos cães era tanto, que em sua avaliação final ele os nomeia individualmente: Fufi, a enorme mops de sua infância; Tom, o impetuoso cão d'água; Svelto, o de olhos mansos; Bendicò (o já descrito "estúpido"); e Pop, aquele que seria o seu último cão (e que o estaria procurando e ansiosamente aguardando, enquanto ele fazia tratamento de saúde em outra cidade).<br />A literatura é pródiga na citação de animais de estimação, principalmente cães. Isso não me surpreende, uma vez que eu mesma sou amante desses animais. Além das inúmeras menções aos cães, em livros, e da existência de romances em que eles são os personagens principais, há as estórias reais, nas quais eles estão presentes, que de algum modo, chegaram ao conhecimento público.<br />Lembrei-me, nesse instante, de ter lido uma antiga estória, sobre o magnata norte-americano, da imprensa, James G. Bennett, que nos dá conta da ligação que ele teve com esses animais. Dizia a narrativa que G. Bennet tinha um correspondente do seu jornal em Londres, o qual tencionava destituir do cargo, por não estar muito satisfeito com o trabalho dele. Mas sendo um homem justo, o magnata aproveitou uma visita que fazia a Paris, e chamou o empregado para uma entrevista, a fim de tirar a limpo a suas impressões.<br />Ocorre que Bennet gostava imensamente de cães, dos quais vivia cercado. O correspondente, tomando conhecimento disso, foi se encontrar com o patrão munido de um pequeno pedaço de fígado e um pouco de erva doce metidos no bolso (vê-se que eram tempos anteriores ao uso das rações, na alimentação dos cães!).<br />Bennett fez com que o homem o esperasse, por uma hora, na sala de estar de seu apartamento, antes de surgir rodeado de seus cães. Esses avançaram amistosamente sobre o correspondente, sacudindo as caudas e lambendo-lhe as mãos. Bennett abriu um grande sorriso de simpatia e, em vez de demitir o empregado, deu-lhe uma semana de férias em Paris, e um aumento de salário. Tudo isso porque, segundo o modo de pensar de Bennett, um homem de quem os cães gostavam não podia ter defeitos graves!<br />Eu - devo confessar - já senti vontade de esganar a Dorothy, nesses nossos anos de convivência. Uma dessas vezes foi quando ela vomitou num montão de roupa, recém-lavada, que eu havia posto sobre a cômoda do quarto 'de passar'. Lembro-me de ter sentido o cheirinho do amaciante nas roupas, no momento em que a minha cabeça roçou nelas, enquanto eu as recolhia do varal. Quando vomitou, Dorothy 'escavou' no meio dos panos, de modo que a sujeira atingiu todas as peças. E é claro que isso aconteceu numa estação chuvosa, num dia em que eu, aproveitando um breve estio e com muita trabalheira, consegui, gloriosamente, que toda a roupa suja acumulada fosse lavada e secada, sob um sol débil.<br />A outra vez em que a Dorothy 'aprontou' de verdade, foi quando destruiu a plantação de onze-horas que eu cultivava num grande vaso, a qual me exigira semanas de esforço e tempo.<br />Mas há, é claro, o lado bom. Dorothy (e creio que isso acontece com todos os cães de estimação, com relação aos seus donos) já deixou mais que provado que nos ama! Quem no mundo conseguiria demonstrar tanto contentamento à nossa simples chegada? Quem demonstraria tanto pesar à nossa partida (ainda que estejamos indo apenas até o supermercado da esquina)? Ou quem se devotaria a nós, tão completamente? Por conviver mais comigo, ela é também mais apegada a mim. Isso significa estar sempre ao meu lado, mesmo que eu esteja, há horas, lendo no banheiro, antes de tomar o meu banho (e ela cochilando no tapetinho, do lado de fora da porta). E pode significar também, ficar deitada perto de mim na cozinha, altas horas da noite, quando o restante da família há muito, ressona. Isso acontece, por exemplo, quando preparo um prato que exige ações antecipadas; ou finalizo um bolo que servirei no dia seguinte, numa festa familiar qualquer. E a lealdade? Ela é leal a todos nós. E a um ponto, que é capaz de avançar contra nós mesmos, se nos vê fazer gestos ameaçadores, uns contra os outros.<br />Mas, do que gosto mais na Dorothy, no entanto, é da doçura que ela tem no olhar. E daquele ar de contentamento, quando estamos próximos; algo tão real, que já me fez mostrá-la ao meu marido e perguntar: "diga-me: ela está rindo ou não?". Outra coisa de que gosto muito, é vê-la correr ao nosso encontro, quando a chamamos. Nosso quintal é grande e vê-la cruzá-lo, às carreiras, uma bolinha de pelo ondulante, com as orelhas agitando-se ao vento, saltitante como um carneirinho, é uma visão enternecedora. Nesses momentos ela deixa de ser a "Dorothéa", nome com que a chamo quando ela me aborrece, e passa a ser "Dodô", a bebezinha da família! </div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-6362847158209691142009-04-18T05:55:00.000-07:002010-10-05T18:44:15.434-07:00Machado de Assis e a falácia sobre a incerteza do adultério de Capitu, em Dom Casmurro<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwKHWi2KLEaBfxWE5rBtJLbBdAmPF4fp6aarQ6XdnCDA_xT5qcB5fVxixHgAllN0iXL4QZkFZsbOCp89MILqUWNvDppRU-LE0h8SezoRgV1h6KFJCa44w_xTfO9lA4esTyJTT9vX2Rtg8/s1600-h/para+postar+machado.bmp"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; DISPLAY: block; HEIGHT: 221px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5326124136588826914" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwKHWi2KLEaBfxWE5rBtJLbBdAmPF4fp6aarQ6XdnCDA_xT5qcB5fVxixHgAllN0iXL4QZkFZsbOCp89MILqUWNvDppRU-LE0h8SezoRgV1h6KFJCa44w_xTfO9lA4esTyJTT9vX2Rtg8/s320/para+postar+machado.bmp" /></a><br />Desde um remoto semestre do curso ginasial (uia! que terá sido isso? dirá a nova geração), quando me foi exigida a leitura do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, tornei-me Machadólatra. De vez em quando, volto a ler Machado de Assis objetivando, como todos os fãs, relembrar as estórias e deliciar-me com o estilo do autor, marcado pela concisão, elegância, frases carregadas de ironias, aforismos, e aquele jeito de se dirigir ao leitor, como se estivesse conversando com ele. Mas nunca, jamais, havia me ocorrido que, em Dom Casmurro, o adultério da personagem Capitu não tivesse acontecido. Tampouco cheguei à conclusão de que a “coisa” toda não passasse de fantasias, delírios criados pela mente de um marido doentiamente ciumento.<br />Eis que, há cerca de oito/dez anos, começo a atentar para o fato de que não se fala do tal adultério, senão em termos hipotéticos. Muitas pessoas defendem abertamente que o acontecimento só existiu na cabeça do marido; e ainda, que Capitu foi apenas uma vítima das alucinações ciumentas de Bentinho. Desde então, cansei de ler frases tais como: “Só conhecemos a versão dos fatos contada por Bentinho”; “Bentinho era fraco, mimado e neurótico”; “O ‘cara’ era atordoado; ele via o que queria ver”.<br />Tempos depois, descobri que essa tese originou-se de um trabalho – publicado nos anos 50 -, da professora norte-americana Helen Caldwell. A Sra. Caldwell, que além de professora, é também crítica literária, com tendência brasilianista, teria feito um estudo minucioso da obra machadiana, do qual resultou o livro de sua autoria, <em>O Otelo brasileiro de Machado de Assis: Um estudo de Dom Casmurro</em>. Depois dessa obra, surgiram inúmeras trabalhos acadêmicos que põem em cheque a questão do adultério cometido por Capitu.<br />Ora, sem entrar nos méritos desse livro, o qual ainda não li - e considerando mesmo a idéia muito interessante - vejo-me obrigada a discordar desse parecer. Não, não posso ver a estória de Dom Casmurro como o arrazoado de um promotor de justiça (profissão, aliás, do ‘narrador’ Bentinho, o marido traído) que busca a condenação da esposa, por uma falta que ela não cometeu. Também não acredito que fosse intenção do autor criar uma obra ambígua, cheia de sutilezas, cuja essência só pudesse ser apreendida por leitores capazes de discernir as astúcias do acusador.<br />Tão grande sempre foi a minha convicção da culpa de Capitu, que eu não quis ler o livro da Sra. Caldwell, antes de reler o Dom Casmurro (na verdade, ainda não li o estudo feito pela professora). Pois bem, acabei de reler a estória de Machado e a minha conclusão é que a Sra. Caldwell foi muito eficiente na disseminação da dúvida sobre a falta da personagem; e que, por isso mesmo, ela própria é que seria uma advogada de defesa imbatível; a melhor que Capitu poderia contratar! Não que eu considere o Dom Casmurro um livro “facinho”, ou os personagens simples e transparentes: Bentinho Santiago, o narrador, é um sujeito complexo; e Capitu o é ainda mais!<br />Assumindo-se, de cara, como um tipo exageradamente ciumento e um tanto hesitante em suas decisões, Bentinho conta a estória, expondo as suas premissas e, simultaneamente, como que argumentando contra elas. Desse modo, no momento em que apresenta como prova do adultério de Capitu, a semelhança física existente entre o filho dessa (que deveria ser também dele) e seu falecido amigo Escobar, ele diz que também havia uma semelhança física inexplicável, entre Capitu e a finada esposa de seu vizinho Gurgel, fato para o qual o próprio Gurgel lhe chamara a atenção (quando mostrara o retrato da mulher). E esta é apenas uma, entre várias situações no romance, em que fica patente certa vacilação de Bentinho. <div align="justify">E há também, é verdade, a menção ao personagem de Shakespeare, Otelo - que por ciúmes infundados mata a esposa Desdêmona -, cuja estória é vista por Bentinho, no teatro, no auge da crise que ele enfrenta com Capitu.<br />A despeito de tudo isso, no entanto, mantenho a minha opinião sobre a traição de Capitu. É preciso lembrar que as fraquezas de Bentinho: os ciúmes, as desconfianças, a aparente submissão dele à mãe, não são sinônimos de pusilanimidade e muito menos de loucura! Na verdade, se a humanidade fosse dada a registrar as ações que comete, e os pensamentos que lhe perpassa a mente, todos seríamos tomados por insanos, por um extraterrestre que nos lesse. </div><div align="justify"></div><div align="justify">Mas, de modo geral, as nossas sandices momentâneas e os nossos pensamentos disparatados não nos levam a tomar decisões que afetam tão profundamente a nós mesmos, e aos nossos entes queridos. E além do mais, Capitu é mostrada, desde a infância, como uma pessoa capaz de autocontrole impressionante. E também como dotada de extraordinária capacidade de dissimulação (e condução das situações para aquilo que ela deseja). E quando nos é apresentado o jovem Escobar (o colega de seminário de Bentinho, que depois se torna o seu melhor amigo) constatamos - não sem surpresa -, que ele é igualzinho a Capitu. Ambos são calculistas; objetivos; cheios de autodomínio e etc. Capitu é mostrada, em várias situações, assumindo atitude "superior e serena", perante acontecimentos que perturbavam sobremaneira Bentinho. De Escobar é dito que teve um “affair” com “não sei que atriz, um negócio de teatro”; o que mostra a propensão dele para “pular a cerca”. E, como se fosse pouco, há no romance, pelo menos dez situações que indicam que o adultério se consumou. São elas:<br />01) A questão das dez libras esterlinas, que teriam resultado da conversão das economias de Capitu. A respeito disso, dá-se o seguinte diálogo entre marido e mulher:<br />Bentinho: Quem foi o corretor?<br />Capitu: O teu amigo Escobar.<br />Bentinho: Como é que ele não me disse nada?<br />Capitu: Foi hoje mesmo.<br />Bentinho: Ele esteve cá?<br />Capitu: Pouco antes de você chegar, eu não disse nada, para que você não desconfiasse.<br />No dia seguinte, quando se avista com Escobar, e depois de ele ter dado a Bentinho as “explicações” sobre o segredo que ele e Capitu mantiveram (sobre o dinheiro mencionado), Bentinho acaba por dizer: “Capitu é um anjo”, e a esta afirmação Escobar simplesmente “concordou com a cabeça, mas sem entusiasmo”.<br />Por que ele agiria assim?<br />02) A questão da demora para que Capitu engravidasse (que embora não capital, é relevante). A filhinha de Escobar com a esposa já estava bem grandinha, “faladeira e curiosa”, quando finalmente Capitu engravidou (lembrar que os dois casais se casaram na mesma época).<br />03) Ezequiel o filho de Capitu, acabou por tornar-se filho único.<br />04) Houve uma estréia de ópera, no teatro, à qual Capitu não quis ir, alegando uma “dor de cabeça e de estômago”, mas a qual quis, “por força”, que Bentinho fosse . Este vai, mas sentindo-se sozinho demais, pois não pudera sequer convidar Escobar para acompanhá-lo, volta para casa ao fim do primeiro ato. E quem ele encontra “à porta do corredor”? Sim, ele mesmo: Escobar. Este se justifica dizendo que estava chegando e objetivava falar a Bentinho sobre uns embargos...<br />E o que ele diz “de novo” sobre os tais embargos? Nada que valesse a visita! E depois que Escobar se retira e Bentinho comenta o caso com Capitu (e ele o faz, não porque tivesse então qualquer suspeita das relações íntimas de Capitu com Escobar, mas pelo simples receio de que talvez não tivesse sido adequadamente receptivo/cortês com o amigo), o que acontece? Capitu simplesmente “desfaz todas as dúvidas de Bentinho, com a fina arte que possuía”.<br />05) Capitu se agasta à simples repetição da inocente expressão “Filho do Homem”, que José Dias usa para referir-se ao seu filho (expressão esta, que o agregado tirara da leitura do livro de Ezequiel – nome do menino - feita na véspera). Capitu interpela José Dias por isso, e este diz: “São os modos de dizer da Bíblia” e Capitu responde com aspereza: “Pois eu não gosto deles!”<br />06) No velório de Escobar há a “confissão” involuntária de Capitu que, por instantes e <em>furtivamente</em>, “olha o cadáver tão fixamente, tão apaixonadamente fixa ...”<br />07) E o que dizer da assombrosa semelhança física do menino, com o amigo morto? Pois: “Não só os olhos mas as restantes feições, a cara o corpo, a pessoa inteira, iam se apurando com o tempo...”<br />08) E da sugestão de Capitu, para que colocassem o menino num internato “pois, sempre que Ezequiel vinha para nós, não fazia mais que separar-nos?”<br />09) Todas essas circunstâncias fizeram brotar tais dificuldades entre as três pessoas da família, que a pobre criança passou a ser profundamente rejeitada pelo “pai”, mesmo esse tendo consciência de que “o demo do pequeno cada vez mais ‘morria’ por mim”.<br />10) Bentinho decide se matar e chega a diluir o veneno comprado para esse fim, no café que vai tomar (e, se é impedido de fazer isso pelo menino, que irrompe na sala no momento sinistro, chega a pensar que talvez o remédio fosse dar o veneno à propria criança, insensatez que por pouco não realiza).<br />Como essas, e ainda mais decisivas que essas, se encontram, no livro, pelo menos mais dez razões contra Capitu. Mas, apesar de todos os infaustos acontecimentos havidos entre ela e Bentinho. Apesar mesmo, de o marido tê-la “jogado” com o filho na Europa, onde não os visitava nunca; não tendo feito isso sequer no enterro dela, Capitu, até o fim, “louvou muito o marido distante, chamando-o ‘o homem mais puro do mundo’ e o mais digno de ser querido”.<br />Que cada leitor tire as suas conclusões. A minha já foi tirada desde a primeira leitura. </div></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-24680740575087198912009-04-17T04:12:00.000-07:002009-04-17T04:51:06.315-07:00Série - Imagens de Brasília/Fotos 1 e 2<div align="center"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifKDHu7xGGW9R7IAnCILt7AtzzSctUVGigR1ZChVE74H7XvOYRdKeYYttZ3p2NbJCXtRD-QIgANmbcfverrLKZ2AQ5qdmlrUsHro_-zAx4Tc6WoxKL264k4dkNTWFvW5VTQdoY3AteeCQ/s1600-h/Fotos+de+15.08.08+542.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325619525416603906" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEifKDHu7xGGW9R7IAnCILt7AtzzSctUVGigR1ZChVE74H7XvOYRdKeYYttZ3p2NbJCXtRD-QIgANmbcfverrLKZ2AQ5qdmlrUsHro_-zAx4Tc6WoxKL264k4dkNTWFvW5VTQdoY3AteeCQ/s320/Fotos+de+15.08.08+542.jpg" border="0" /></a> Ponte JK, Lago Sul, Brasília, Distrito Federal<br /><br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QI66eV8X4W6Td5cGHNcZ2W3uc9NbbPQINZOCJJU4GoU8oEajM3hH_NEpgDtHyHDDEdBuzhEtyFDqy2cYeeUOdLy-nJ6_asC9kSn5M9nqQ_9YRXko3pfsui-fVfaw0hR7mjGjUmPfUuQ/s1600-h/fotos+12.10.07+063-1.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5325617483047648274" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 320px; CURSOR: hand; HEIGHT: 240px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4QI66eV8X4W6Td5cGHNcZ2W3uc9NbbPQINZOCJJU4GoU8oEajM3hH_NEpgDtHyHDDEdBuzhEtyFDqy2cYeeUOdLy-nJ6_asC9kSn5M9nqQ_9YRXko3pfsui-fVfaw0hR7mjGjUmPfUuQ/s320/fotos+12.10.07+063-1.jpg" border="0" /></a>A imagem acima é de um poente brasiliense, visto da ponte JK, de um carro em movimento.<br />Se não estivéssemos numa estação chuvosa, como a atual, provavelmente veríamos um poente<br />multicor.<br /><br /><br /></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-47487200149329517112009-02-21T17:44:00.000-08:002010-11-08T15:35:51.830-08:00Charles Bukowski<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUZnnUJpVXcb9O0bYpyJiGuVqYCei0YlFnKJ4I06VgZgDGQQnV5OaYzxN1_6Mnzx7C9_4tQOZm-m-Ky84v4YeZS10vNtUDFa1Z_kUhfjccWwQG0p705C6Fu6VQiIvaxCpC-tEbJ7QOkLc/s1600-h/Bukowski+e+companhia,+afe!.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 173px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5305432805889571106" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUZnnUJpVXcb9O0bYpyJiGuVqYCei0YlFnKJ4I06VgZgDGQQnV5OaYzxN1_6Mnzx7C9_4tQOZm-m-Ky84v4YeZS10vNtUDFa1Z_kUhfjccWwQG0p705C6Fu6VQiIvaxCpC-tEbJ7QOkLc/s320/Bukowski+e+companhia,+afe!.jpg" /></a><br /><div>Este blog está abandonado, eu sei. É que me tem faltado tempo para escrever os textos que </div><div>desejo. Enquanto isso não acontece, deixo-vos uma imagem de Charles Bukowski que nos prova - mais uma vez - que a aparência de uma pessoa não tem nada a ver com algum talento que ela</div><div>porventura possua!</div><br /><div></div><div></div><div></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-22321429325409844842009-02-02T02:48:00.000-08:002009-02-02T14:24:36.647-08:00Dirce de A.Cavalcanti e a tragédia de Euclides da Cunha<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC6_M5kWXmACjwa21r0NHjpwGHWM9WjShaokWYawdsCjgrb_3ZB6znpgZeDkv-FQdgTsgPq6G81pTgMCKk3jKZ3NqxQgWuqIuPM8obCmmJfOGV73ouuO6D0cmkOI5OGrzCYpOUs9j14AI/s1600-h/fotos+unidas+marly.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5298242779472430562" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 265px; CURSOR: hand; HEIGHT: 320px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjC6_M5kWXmACjwa21r0NHjpwGHWM9WjShaokWYawdsCjgrb_3ZB6znpgZeDkv-FQdgTsgPq6G81pTgMCKk3jKZ3NqxQgWuqIuPM8obCmmJfOGV73ouuO6D0cmkOI5OGrzCYpOUs9j14AI/s320/fotos+unidas+marly.JPG" border="0" /></a><br /><div><br /><div><div><span style="font-size:78%;">(Nota: O texto abaixo revela o enredo do Livro O Pai, de Dirce de Assis Cavalcanti) </span><br /><div></div><br /><div></div><br /><div align="justify">Acabei de ler um livro que me chegou às mãos casualmente. Trata-se de <span style="font-size:130%;color:#000099;">O Pai,</span> de Dirce de Assis Cavalcanti. Esse livro se encontrava entre outros, arrematado recentemente por F, numa garage sale. Examinando os títulos das obras, observei serem livros espíritas, e os encaxotei para doação. Entre eles, no entanto, havia esse<span style="color:#000099;"> </span><span style="color:#000066;">O Pai</span>, um livro autobiográfico.</div><br /><div align="justify">Muito me surpreendi com o teor do livro, e sobretudo com o talento literário da autora. Ela vem a ser, imaginem só, filha do militar Dilermando de Assis, o homem que matou o escritor Euclides da Cunha.</div><br /><div align="justify">Narrando sua estória, Dirce de A. Cavalcanti nos expõe a tragédia em que seu pai esteve envolvido, e a forma como isso o afetou posteriormente, bem como à nova família constituída por ele. Ela nasceu de um casamento contraído por Dilermando de Assis, depois que ele se separou de Ana, ex-mulher de Euclides da cunha, e pivô da desgraça que sobreveio aos dois homens. </div><br /><div align="justify">Tencionando ingenuamente poupar a menina, Dilermando e a mãe dela se calaram sobre os fatos concernentes ao passado dele, uma vez que ele fora absolvido do crime em que esteve envolvido. A menina, porém, acaba por descobrir (através de uma coleguinha de escola, e da pior forma possível), os eventos ocorridos na juventude de seu pai. E a estória de Dilermando nos prova, mais uma vez, que a vida é, e sempre será, mais complexa e surpreendente que qualquer obra de ficção. </div><br /><div align="justify">Dilermando de Assis conheceu Ana da Cunha, quando ele tinha dezessete anos, por ser ela, então, vizinha e amiga de suas tias. Recém-ingresso na vida militar, ele era um rapagão alto, loiro, de olhos azuis, campeão nacional de esgrima, de salto em vara e tiro ao alvo. Pouco depois de conhecê-la, Dilermando, as tias e Ana, se tornam vizinhos num edifício em que a proprietária, madame Monat, alugava apartamentos para famílias. E aí é que a 'coisa' entre eles se inicia pois Ana, no vigor dos trinta e poucos anos, passava longos períodos sozinha (com o filho dela com Euclides), enquanto seu marido famoso se ausentava, às voltas com suas viagens e pesquisas. </div><br /><div align="justify">Ana e Dilermando se apaixonam ela engravida, quer se separar de Euclides mas esse não lhe concede a separação. O bebê gerado por Ana e Dilermando morre com poucos dias de nascido (mais tarde ela diria que o marido o afastou dela, impedindo-a de amamentá-lo). O casal de amantes, no entanto, a despeito das adversidades que se interpõem entre eles (a furiosa oposição do marido dela; a transferência dele para uma escola militar no Sul, etc.), continua se encontrando e ela dá à luz a outro filho de Dilermando. Euclides registra a criança como seu filho, no intento, talvez, de por um fim definitivo, na relação extra-conjugal da mulher. O casamento dos dois, porém, se tornara impossível e, depois de conflitos e discussões terríveis, ela deixa a casa do marido, com os dois filhos - o dele e o do amante - e vai morar com esse, na casinha em que ele estava residindo com o irmão. Euclides descobre o endereço da casa e irrompe no local disposto a matar ou morrer. Ali ele é atendido à porta pelo irmão do jovem militar, em quem atira (o rapaz sobrevive mas, tornando-se inválido, comete o suicídio poucos anos depois). Dilermando também é alvejado (várias vezes) e, para se defender, dá dois tiros em Euclides, um deles, fatal. </div><div align="justify">Posteriormente a viúva se casa com o jovem amante e tem outros filhos com ele, mas, alguns anos depois, o filho que ela tivera com Euclides procura vingar a morte do pai, disparando um tiro - pelas costas - no novo marido de sua mãe. Esse, que se encontrava na ocasião, num cartório, no Rio de Janeiro, reage e mata também o seu agressor. Segue-se a isso, a separação do casal.</div><div align="justify">Passado alguns anos, Dilermando se junta à mãe de Dirce, a autora do livro a que ora nos referimos. E escreve também a sua versão dos fatos, narrada na obra<span style="font-size:85%;"> </span><strong><span style="font-size:85%;">A tragédia da Piedade</span><span style="font-size:130%;">. </strong></span><a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Euclides_da_Cunha"><span style="color:#330099;"><strong>Euclides da Cunha</strong></span></a>, não é preciso dizê-lo, é o autor de <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Os_Sert%C3%B5es"><span style="color:#330099;"><strong>Os Sertões <span style="font-size:180%;"></span></strong></span></a>tido como um dos maiores livros já escritos por um brasileiro.</div></div></div></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com31tag:blogger.com,1999:blog-2663008273196420226.post-13243881881832718172009-01-21T09:47:00.000-08:002010-11-08T15:41:32.324-08:00Marcel Proust e a busca do tempo perdido<div align="justify"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_pBIdqvjMR2KArq3uJtYyAhrY3-2ZELbsxzVciHKnFPvZpCjZqJHLn54x2a1piSlXVxqgLyDRdmaDHBoLy1Pjl4KlgdcJuWbta9x18isbmnEGWBGw1KGQa16xRPgbdyxL6IOyJ7iMTgs/s1600-h/Outra+de+Proust.jpg"><img style="TEXT-ALIGN: center; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 214px; DISPLAY: block; HEIGHT: 320px; CURSOR: hand" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5294153226221038818" border="0" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_pBIdqvjMR2KArq3uJtYyAhrY3-2ZELbsxzVciHKnFPvZpCjZqJHLn54x2a1piSlXVxqgLyDRdmaDHBoLy1Pjl4KlgdcJuWbta9x18isbmnEGWBGw1KGQa16xRPgbdyxL6IOyJ7iMTgs/s320/Outra+de+Proust.jpg" /></a> O meu fascínio por Marcel Proust começou tão logo “engrenei” na leitura de No caminho de Swann (Primeiro dos sete volumes da obra <strong>Em busca do tempo perdido</strong>). Para isso, tive de vencer as vinte primeiras páginas do livro, onde ele faz as conhecidas deambulações em torno da cama e de seu sofrimento infantil em se entregar ao sono, enquanto a família (a mãe, principalmente) ‘faziam o social’, no salão embaixo.</div><div align="justify">Mas, já ali, eu fui intuindo que aquelas divagações não podiam ser gratuitas. E um tantinho mais adiante, confirmei que as incursões do autor pelos escaninhos da mente e da alma humana (realizadas ao longo de toda a obra) constituiriam a coluna dorsal dela. </div><div align="justify"><br />E linha após linha, eu ia desvendando a rica personalidade de Proust, revelada em sua erudição, sua complexidade, sua capacidade de perceber os processos psicológicos das pessoas à volta, e, sobretudo, sua habilidade em apreender o sentido das coisas da vida, e traduzi-lo em palavras. A conseqüência disso foi experimentar o que se convencionou chamar de ‘a magia da literatura’, que o que se dá, quando nos defrontamos com reflexões e pensamentos que expressam as nossas próprias opiniões, as quais jamais saberíamos expor com tanta maestria. Mas nem disso podemos nos envaidecer pois, páginas à frente, o próprio escritor o diz:</div><div align="justify"><br />"<em><span style="font-family:georgia;"><strong>Na realidade, todo leitor, quando lê, é o leitor de si mesmo. A obra do escritor não passa de uma espécie de instrumento óptico que ele oferece ao leitor a fim de permitir que este distinga aquilo que, sem o livro, talvez não pudesse ver em si mesmo."</strong></span></em></div><em><div align="justify"><br /></em>Aliás, no quesito 'frases de efeito' Proust é um mestre. Seja lá qual for o assunto, é possível achar uma reflexão dele sobre o mesmo</div><div align="justify">.<br />E, no “<strong>Em busca</strong>...” há, é claro, a estória em si. Esta me aturdiu, nos lances das súbitas revelações. Mas, simultaneamente, me gratificou, na constatação de que o escritor se desnudou sem reservas. E não podia ser diferente, pois para ele, a obra só se justifica se for extraída do âmago, (ou como ele diz, da parte obscura) do escritor.</div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong></strong></div><div align="justify"><strong></strong></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;"><strong>“Aquilo que já foi dito não nos pertence”.</strong></span></em></div><div align="justify"><strong><em></em></strong></div><div align="justify"><em>Há quem acredite que o <strong>Em busca...</strong> não seja um livro autobiográfico e, consequentemente, o Marcel da estória não seria o próprio autor. Não compartilho esta opinião. Para mim é o mais autobiográfico dos livros, embora admita que alguns dos personagens possam representar 'colagens' de pessoas que o escritor conheceu. </em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>É sabido que o barão de Chalus, por exemplo, foi inspirado no conde/escritor <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_de_Montesquiou"><span style="color:#ff6666;">Robert de Motesquiou</span></a><span style="color:#ff6666;">. </span></em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>Diz-se, também, que Charles Swann, foi o homem de sociedade (judeu rico e culto) Charles Haas.</em></div><div align="justify"><em>A outra questão que suscita incerteza é a que diz respeito à opção sexual de Proust. Para mim não há dúvida de que ele era homossexual. A inferência imediata disso é que os seus amores, descritos no livro, não eram mulheres. Albertine pode muito bem ter sido um "Alberto". E as amigas de Albertine todas seriam também homens. Não é difícil deduzir isto, a partir das características que o escritor atribui a cada uma delas. </em></div><div align="justify"><em>O <strong>Em busca</strong>... porém, transcende, em muito a questão da homossexualidade (ainda que este seja o tema, digamos, subjacente, da obra).</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><em>Sobre a fonte de inspiração para que se escreva uma obra-prima, Proust disse:</em></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"></span></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"></span></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;"></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;"><strong>“... para escrever esse livro essencial, o único verdadeiro, um grande escritor não precisa, no sentido corrente da palavra, inventá-lo, pois já existe em cada um de nós, e sim traduzi-lo. O dever e a tarefa do escritor são as do tradutor.”</strong></span></em></div><div align="justify"><strong><em></em></strong></div><div align="justify"></div><div align="justify"><strong><em></em></strong></div><div align="justify"></div><div align="justify"><em></em></div><div align="justify"></div><div align="justify"><span style="font-family:georgia;"></span></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;"></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;"></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;"></span></em></div><div align="justify"><em><span style="font-family:georgia;">Eis, Marcel Proust!</span></em></div><div align="justify"><br /></div><div align="justify"></div><div align="justify"></div>Marlyhttp://www.blogger.com/profile/03105108140379247022noreply@blogger.com6